Como elevar as taxas de gravidezes em ciclos de Reprodução Assistida?
Há pouco tempo atrás escrevi um artigo denominado “Qual a melhor opção de Clínica para o tratamento laboratorial da Infertilidade?“. Quando mencionamos a “melhor”, estamos nos referindo principalmente, aos fatores que levam aos melhores resultados de gravidezes pois estas taxas variam nos tratamentos de Fertilização in vitro (FIV) de acordo com a idade feminina. Além disso, devemos pensar em custos acessíveis já que é um aspecto imprescindível para a maioria da população de nosso país que necessita de um tratamento de alta complexidade como esse.
Um dos fatores altamente pertinentes para atingirmos as melhores taxas de gravidezes são as medicações utilizadas nas estimulações ovarianas, fundamental nos tratamentos de FIV.
Estas drogas foram aperfeiçoadas ao longo dos últimos 30 anos, sendo uma dos responsáveis da maior eficácia nos resultados de gravidezes obtidas. Atualmente existem algumas opções disponíveis que proporcionam resultados variáveis. Porém, o conhecimento científico e o bom senso na utilização destas medicações são essenciais para a segurança e o sucesso dos tratamentos de Reprodução Assistida.
Inicialmente vou mencionar como funciona a ovulação espontânea, sem medicamentos para que os leitores entendam a dinâmica da estimulação nos tratamentos de Reprodução Assistida.
O ciclo menstrual é uma integração de um mecanismo hormonal que se inicia em uma área do cérebro chamada hipotálamo que leva uma mensagem para outra área do cérebro chamada hipófise a fim de liberar um hormônio chamado FSH (Hormônio Folículo Estimulante). Este hormônio estimula os folículos ovarianos com objetivo de proporcionar a produção de um único óvulo. Este óvulo produz um hormônio feminino chamado estrogênio que prepara o útero para receber o futuro bebê. Para que isso ocorra de forma efetiva, este sistema deve funcionar com uma sintonia perfeita.
Todo esse processo serve de base para os tratamentos de estimulação ovariana nos tratamentos de Reprodução Assistida. Os medicamentos para estimulação ovariana devem ser utilizados desde os tratamentos mais simples como o coito programado e a Inseminação Artificial, como nos tratamentos mais complexos como a Fertilização in vitro, e devem ser individualizados para cada paciente. A diferença é que, com a medicação, vários folículos são estimulados, aumentando o número de óvulos e consequentemente o número de embriões.
Há muitos anos a medicação utilizada era oral e o princípio ativo era o Citrato de Clomifeno comercialmente chamados de Clomid®, Indux® ou Serofene®.
Estes medicamentos são antagonistas dos estrógenos, ou seja, eles preenchem os receptores de estrogênio no cérebro e induzem o aumento da produção de FSH para haver a estimulação dos ovários. Na verdade o papel do Citrato de Clomifeno é “enganar o cérebro”. Porém, o uso destas medicações levam a queda do hormônio feminino, estrogênio, e consequentemente leva a baixa qualidade do endométrio, diminuindo assim as taxas de implantação embrionária.
Além disso, nestes protocolos, ocorre uma menor produção de óvulos que somado ao argumento anterior leva a índices de gravidezes muito menores que os protocolos medicamentosos usados atualmente. Por isso, a maioria das clínicas de Reprodução Assistida em todo mundo abandonaram esta medicação, inclusive a Pró Nascer.
Com o advento da FIV, os medicamentos foram aperfeiçoados de modo que hoje existem drogas que contenham o FSH puro com semelhança de praticamente 100 % ao FSH que é fabricado pela hipófise, que uma vez administrado por via subcutânea, age diretamente sobre os ovários para a estimulação ovariana. Esta medicação é atualmente a mais utilizada em todo o mundo para os tratamentos de Fertilização in vitro visando as melhores taxas de gravidezes.
Por esta razão, utilizamos de rotina esta medicação em todos nossos tratamentos, quando há indicação, mesmo nos programas sociais como o “Projeto Vida” pois os resultados são nosso foco.
Além destas medicações, evidentemente outros fatores colaboram para os resultados favoráveis. Por isso, estamos sempre atentos ao que é de mais eficaz nos tratamentos de Reprodução Assistida.
Dr. João Ricardo Auler